Deputados cobram segurança para estudantes de ocupações em Minas

Belo Horizonte - Estadual Central - Ocupacoes 2016 - ALMG - Cristiano Silveira - by Jean Piter (24)

Estadual Central foi a primeira escola ocupada em Minas. (Foto: Jean Piter)

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) vai pedir que a Polícia Militar garanta a segurança dos estudantes que estão em ocupações nas escolas contra a PEC 55. Em audiência pública realizada nesta quinta-feira (24/11/16), no Estadual Central, em Belo Horizonte, representantes de movimentos estudantis relataram casos de agressões, ameaças e tentativas de intimidação que os alunos estão sofrendo. Eles também denunciaram que, por vezes, a PM foi acionada, mas se recusou a registar boletins de ocorrência.

“Vamos cobrar providências das autoridades responsáveis. Os estudantes têm o direito de se manifestar e o Estado precisa garantir segurança a eles. Os movimentos estudantis estão lutando pelo futuro do país, de forma pacífica, democrática e organizada. Daremos o apoio que for necessário a eles”, disse o deputado estadual Cristiano Silveira, presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALMG.

 

Apuração

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Bruna, da UBES, cobrou segurança para estudantes. (Foto: Jean Piter)

Os parlamentares também vão pedir que a Polícia Civil intensifique as investigações sobre o atentado ocorrido no Estadual Central. No dia 26 de outubro, pessoas não identificadas atiraram bombas dentro da escola, próximo ao pátio onde ficam as barracas da ocupação. Não houve feridos, mas o caso deixou estudantes assuntados e preocupados.

“Grupos de direita, liderados pelo Movimento Brasil Livre (MBL), têm tentado por fim às ocupações, com truculência e ameaças. Nosso protesto é legítimo. Estamos defendendo o futuro do nosso país e não vamos nos intimidar”, disse Bruna Helena, vice-presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES).

 

Repressão

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Késsia, da UCMG, falou sobre repressão da PM. (Foto: Jean Piter)

Os estudantes também denunciaram abusos por parte da Polícia Militar. “Em algumas das escolas ocupadas, os alunos foram agredidos pela PM durante protestos. Muitos desses jovens também estão sendo hostilizados e ameaçados por colegas de classe que são contrários às ocupações. Precisamos que as autoridades tomem providências em relação a esses abusos”, disse a presidente da União Colegial de Minas Gerais (UCMG), Késsia Cristina.

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Black também destacou repressão sofrida por estudantes. (Foto: Jean Piter)

Clauderson Black, presidente da União Juventude Socialista de Belo Horizonte (UJS), ressaltou que a repressão também vem de servidores de escolas. “Professores, diretores e funcionários tem feito ameaças aos alunos que estão nas ocupações. Há casos em que os jovens estão sendo impedidos de usar a cantina e outros espaços. Dizem que as manifestações atrapalham as aulas, na tentativa de colocar estudante contra estudante”.

 

Criminalização das ocupações

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Glauberth denunciou casos de perseguição. (Foto: Jean Piter)

O estudante Glauberth Reis, da Escola Estadual Dom Cabral, no bairro Betânia, região Oeste da capital, denunciou casos de sabotagem. “Pessoas ligadas aos movimentos contrários às ocupações estão depredando as escolas, para colocar a culpa nos movimentos estudantis. Quebram vidros, cadeira, amassam portões e espalham boatos. Tudo para influenciar a opinião pública, e colocar o povo contra os estudantes”.

 

Divergências de lado

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Dezenas de estudantes acompanhar a audiência.(Foto: Jean Piter)

Para Luanna Ramalho, presidente da União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais (UEE-MG), o momento requer um alinhamento entre os movimentos estudantis. “Temos visto uma disputa entre as instituições que representam os alunos. É um desperdício de forças. É preciso deixar as diferenças de lado para que possamos trabalhar juntos no que temos em comum, que são nossas pautas. Assim, teremos mais forças para lutar e resistir”.

 

Contra os retrocesso

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Estudantes de várias escolas participaram da reunião. (Foto: Jean Piter)

O Estadual Central foi a primeira escola ocupada em Minas, desde o dia 06 de outubro, em protesto contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241. O projeto, que agora tramita no Senado como PEC 55, pretende congelar os gastos públicos em saúde, assistência social e educação por 20 anos. Segundo a UBES, atualmente, são cerca de 70 escolas ocupadas no estado. Ao todo, no país, são 620, incluindo universidades e institutos técnicos federais.

 

Frentes de luta

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Daniela Moura destacou outras pautas dos estaudantes. (Foto: Jean Piter)

Além de PEC 55, os estuantes também manifestam contra outros projetos do Governo Federal. “Somos contra a entrega do pré-sal para o capital estrangeiro. Isso vai tirar bilhões de reais do orçamento da educação. Um retrocesso sem igual. Também somos contra a proposta de reforma do ensino médio, que está sendo feita sem que os estudantes e professores sejam ouvidos”, destacou Daniela Moura, presidente do Grêmio Estudantil Abre Alas, do Colégio Estadual Central.

 

Participação
A diretora de Juventude da Secretaria de Estado de Educação (SEE), Priscylla Ramalho, disse que a reforma do ensino médio será feita de forma participativa. “Sabemos que o modelo de ensino precisa passar por readequação. Mas, aqui em Minas, isso será feito com diálogo. Nenhuma mudança será feita sem que os estudantes e professores sejam ouvidos”.

 

Posicionamento
Os deputados vão enviar ofício aos senadores Aécio Neves, Antonio Anastasia e Zezé Perrella, informando o posicionamento dos movimentos estudantis em relação à PEC 55. O objetivo é que eles levem em conta as manifestações e votem contra a proposta.

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