Deputados pedem investigação sobre ‘petista bom é petista morto’

Parlamentares querem encontrar responsáveis por panfletos jogados no velório do ex-presidente da Petrobras e do Partido dos Trabalhadores (PT), José Eduardo Dutra, em BH

 

Um grupo de deputados petistas solicitou ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) nesta segunda-feira (5) que investigue os responsáveis pelos panfletos com a mensagem “petista bom é petista morto”, que foram distribuídos durante o velório do ex-presidente da Petrobras e do Partido dos Trabalhadores (PT), José Eduardo Dutra, que ocorreu em Belo Horizonte.

 

A comissão formada pela presidente do PT, Cida de Jesus, e os deputados Durval Ângelo, Rogério Correia e Cristiano Silveira, se encontrou com promotor Eduardo Nepomuceno para entregar uma representação contra manifestantes que passaram pelo local durante o funeral.

 

No documento, os petistas alegam que ocupantes de uma Volkswagen Saveiro passaram pelo local atirando os panfletos para fora do veículo.

 

Segundo publicou o deputado Durval Ângelo em sua página no Facebook, o promotor teria afirmado que o “fato pode caracterizar infração penal”. Nepomuceno teria salientado ainda que, “além da perturbação de cerimônia funerária, pode haver outros crimes envolvendo o grupo”, segundo a publicação.

 

A reportagem tentou contato com o MPMG e com o promotor para saber se a solicitação foi protocolada e quais as medidas que serão tomadas, mas não foi atendida.

 

Panfletos ofensivos

Nas proximidades do local do funeral, um carro passou rápido e jogou papéis criticando o PT. Um dos panfletos diz “petista bom é petista morto”, e em um outro consta a frase “só faz cagada”, sobre uma foto da presidente Dilma Rousseff, sentada em um vaso sanitário. “São ações orquestradas. É lastimável. Nos dói muito esses panfletos e o clima de intolerância”, criticou o deputado estadual Durval Ângelo (PT), que é líder do governo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) “.

 

Sobre os panfletos ofensivos a presidente e ao partido, o ex-deputado federal Virgílio Guimarães, contemporâneo de Dutra, comentou “é lamentável, e parte dessa onda de ódio que vive o país”.

 

Manifestantes também estiveram na porta do funeral, por cerca de 40 minutos, e protestam contra o ex-presidente Lula. O grupo segura cartazes com os dizeres: “Lula traidor”, “Lula, pai dos ricos”, Lula, amigo seu, nem morto” e “Lula, sua hora está chegando”.

 

Ao saber da manifestação contrária ao partido, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT) afirmou que “este pessoal não têm nenhuma representatividade. Eles tentam causar constrangimento totalmente inadequado”. O Saveiro preto passou mais de uma vez no local. Ele tem adesivos que criticam o Lula e o PT.

 

O velório

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, ambos petistas, estiveram presentes por cerca de duas horas no velório do ex-presidente da Petrobras e do Partido dos Trabalhadores (PT), José Eduardo Dutra. Ele tinha 58 anos, e morreu nesse domingo (4) em decorrência de um câncer de pele. Dutra, que já foi senador, era natural do Rio de Janeiro e fez carreira política em Sergipe.

 

O velório aconteceu a portas fechadas, apenas para familiares, amigos mais próximos e autoridades. Em seguida, o corpo de Dutra foi cremado no cemitério Parque da Colina, na região Oeste da capital.

 

Conforme a segurança do governador, Pimentel buscou Lula no aeroporto da Pampulha. Ministros e outras autoridades também comparecem. Foram disponibilizadas vagas no entorno do local da cerimônia para os participantes.

 

A deputada estadual Marília Campos também esteve presente. Coroas de flores, em nome de Dilma e do Instituto Lula chegaram para homenagear Dutra.

 

“Ele (Dutra) era uma pessoa de valor. A marca dele é a ética pública, que para mim é probidade e o radical compromisso com a democracia e a Justiça social”, afirmou o secretário estadual de Direitos Humanos, Nilmário Miranda (PT).

 

Homenagem de Lula

Sem conversar com a imprensa, Lula, Pimentel e o atual presidente do PT, Rui Falcão disseram algumas palavras destacando a importância de Dutra no partido e como presidente da Petrobras.

 

“Quando muita gente acreditava que a Petrobras precisava ser privatizada, ele (Dutra) foi uma das pessoas que no momento em que governou a Petrobras, recuperou a Petrobras e deu uma dimensão extraordinária a Petrobras”, discursou Lula, próximo ao caixão.

 

Em outro momento, o ex-presidente disse que a família de Dutra tinha motivos para se orgulhar do companheiro. “Nós somos como se fosse uma árvore. Nós morremos, mas deixamos frutos. A vida continua. Ele renasceu nos filhos, renascerá nos netos e o que é importante é que a gente guarde José Eduardo aqui pelo o que foi a sua passagem pela terra, com a dignidade e seu compromisso com a luta pelo povo pobre deste país, com a luta dos trabalhadores brasileiros, para construir um país democrático e justo”.

 

Emocionado, e se dirigindo ao amigo falecido, Lula finalizou: “Acho, Zé, que você cumpriu com a sua tarefa. O importante é que sua mãe, irmãs e filhos, estão conscientes do papel que você exerceu. Espero que seus filhos consigam seguir o exemplo de dignidade que você conseguiu dar nestes 58 anos de vida. A sua carne se vai, mas as suas ideias permanecem. E são suas ideias que vão ajudar os seus filhos, seus netos e vários companheiros seus do Sergipe. A sua passagem pela terra valeu muito e valeu muito mais a pena ter conseguido ser seu amigo”.

 

Histórico

José Eduardo Dutra, que nasceu no Rio de Janeiro, mas fez carreira política em Sergipe, assumiu a presidência do PT em 2010, mas ficou no cargo apenas até abril de 2011, devido a problemas médicos. No seu lugar, assumiu Rui Falcão, o atual presidente da sigla.

 

Também trabalhou como um dos coordenadores da campanha da eleição de Dilma Rousseff, em 2010, ao lado de Antonio Palocci e do ministro da Justiça. José Eduardo Cardozo. Dutra foi presidente da Petrobras, tendo assumido o cargo, em 2003, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sendo substituído em julho de 2005 por José Sérgio Gabrielli.

 

Depois, ele retornou à empresa em 2007, como presidente da BR Distribuidora, deixando o cargo em janeiro de 2009 para disputar a presidência do PT, quando foi eleito. Antes, foi presidente do Sindicato dos Mineiros do Estado de Sergipe, entre 1989 e 1994, e dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), de 1988 a 1990.

 

Em 1994, foi eleito senador por Sergipe. Atualmente era o primeiro suplente do senador Antonio Carlos Valadares (PSB/SE).

 

Reproduzido do site do jornal O Tempo. 

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