Redução dos índices de criminalidade é tema de debates na Zona da Mata
Deputados fizeram debate na Câmara Municipal de Além Paraíba. (Foto: Jean Piter)
Os resultados da CPI da Violência contra jovens negros e pobres e as propostas de redução dos índices de criminalidade no país. Esses foram os principais temas discutidos em encontros realizados em municípios da Zona da Mata, no dia 30 de janeiro. Os deputados Reginaldo Lopes (federal) e Cristiano Silveira (estadual) visitaram as cidades de Além Paraíba, Leopoldina e Cataguases para debater projetos da área da segurança pública com a população.
Os encontros contaram com a presença de vereadores, secretários municipais, representantes de movimentos sociais, estudantes, servidores públicos e sociedade da sociedade civil.
Cenário
De acordo com o Mapa da Violência 2015, os homicídios são hoje a principal causa de mortes entre jovens de 15 a 24 anos no Brasil. O estudo mostra que a maior parte das vítimas é de homens, negros e pobres, moradores de morros, vilas, favelas e periferias que recebem pouca ou nenhuma atenção do Poder Público.
Cataguases: Deputados defenderam políticas de inclusão social. (Foto: Jean Piter)
“Temos uma média de 60 mil assassinatos por ano no Brasil, dos quais cerca de 35 mil são jovens. Nesse grupo, 77% são homens negros. É um genocídio silencioso. Temos que criar, com urgência, políticas públicas que possam reverter esses indicadores”, defendeu Reginaldo Lopes.
Homicídios
Segundo o Diagnóstico dos Homicídios no Brasil, a taxa média de assassinatos no país é de 26 para cada 100 mil habitantes. O levantamento foi elaborado pelo Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp) do Ministério da Justiça. Os estados do Nordeste concentram mais da metade das ocorrências.
Em Leopoldina, debate foi realizado no Clube dos Cutubas. (Foto: Jean Piter)
“A violência se concentra em 142 municípios do país, onde ocorrem 80% dos assassinatos. É possível prever a cor da pele, sexo, data, hora e local da próxima vítima. Temos que agir de forma preventiva, para evitar que nossos jovens entrem para o mundo do crime. Sem esse foco, as mortes vão continuar”, disse Reginaldo Lopes.
Prevenção
Cristiano Silveira, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), defendeu ações de prevenção à criminalidade. Segundo ele, o Estado precisa fazer a disputa do jovem com o mundo do crime, por meio de programas de inclusão social.
Além Paraíba: Cristiano apresentou propostas de prevenção. (Foto: Jean Piter)
“O Poder Público tem que oferecer atividades culturais e esportivas para crianças, adolescentes, pais e responsáveis. Também é preciso ensino profissionalizante e encaminhamento para o mercado de trabalho. Assim, a médio e longo prazo, teremos bons resultados”, disse Cristiano.
Para Reginaldo Lopes, o país precisa baixar os índices de homicídios para apenas um dígito. “Abaixo de 10 por 100 mil é uma taxa considerada aceitável. O ideal seria não ter nenhum. Avançamos com programas criados pelos governos do Partido dos Trabalhadores, como o Prouni, o Projovem, o Pronatec, mas ainda há muito a ser feito”.
Cataguases: Debate foi realizado na Câmara Municipal. (Foto: Jean Piter)
De acordo com Lopes, o tema da segurança pública precisa ser discutido por toda a sociedade. “Durante muito tempo, apenas os agentes do setor discutiam políticas de segurança. Mas isso é algo que envolve toda a população. Defendo a criação de um conselho nacional de segurança, com participação da sociedade civil, e com a realização de conferências. Só assim poderemos construir propostas que atendam as necessidades do país”.
Preconceito
A inclusão social também foi defendida pela professora Carolina Bezerra, diretora de Ações Afirmativas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Para ela, o Estado precisa implantar mais políticas públicas direcionadas à população negra. “Precisamos formar mais médicos, juízes e engenheiros negros. A maior parte da nossa população é negra, por isso os negros precisam estar presentes em todos os setores da nossa sociedade”.
Além Paraíba: Professora falou sobre o combate ao preconceito. (Foto: Jean Piter)
Para a professora, também é preciso combater o preconceito, principalmente nas escolas. “Temos que desconstruir o esteriótipo de que o negro é apenas a porteiro, a faxineira ou sambista. Isso tem que ser ensinado e reforçado nas escolas, desde a creche até a pós-graduação. Temos que romper com o que sobrou da época dos escravos. Isso passa pela educação que temos no país, defendeu.
Policiamento
Os deputados apresentaram dados relativos à apuração de crimes no país. Segundo eles, apenas 8% dos homicídios no país tem investigações concluídas, com autores identificados por meio de provas. Entretanto, apenas 5% são julgados e condenados. “É um cenário de impunidade. Precisamos reformar esse sistema de forma que ele seja mais eficaz”, defendeu Cristiano Silveira.
A polícia de ciclo completo foi defendida pelos pelos parlamentares como forma de melhorar o sistema de segurança pública. “É possível ter uma corporação única, que faça o trabalho preventivo e também a investigação. Que seja menos burocrática e mais eficaz. É um tema complexo, que precisamos e queremos discutir com todos os setores da sociedade”, disse Cristiano.
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