Fora Temer e críticas à PM marcam Congresso Nacional da População de Rua em BH
Cristiano defendeu políticas públicas para moradores de rua. (Foto: Jean Piter)
A insatisfação com o governo golpista do presidente interino Michel Temer foi uma constante no 3º Congresso do Movimento Nacional da População de Rua. O evento, realizado entre os dias 16 e 19 de agosto, no Centro Mineiro de Referência de Resíduos (CMRR), no bairro Pompéia, região Leste de Belo Horizonte, recebeu autoridades e militantes de direitos humanos de 14 estados do país. O encontro teve o objetivo de discutir políticas para pessoas nessa situação.
Campanhas buscam conscientizar população sobre o problema. (Foto: Jean Piter)
Na quinta-feira (18), durante os discursos, os moradores de rua cobraram a implantação de um projeto nacional, voltado para inclusão social dessa parcela da população. Eles manifestaram preocupação com a instabilidade política no país e com os cortes de direitos propostos pelo governo Temer. A redução dos investimentos públicos para construção de moradias populares e a flexibilização das leis trabalhistas foram os pontos mais criticados, sempre seguidos de fritos de “Fora Temer” pelos presentes.
Violência policial
Outro ponto discutido foi o da ação para “higienização” das cidades. Moradores de rua de várias cidades do país relataram casos em que sofreram algum tipo de agressão. Segundo eles, policiais militares e guardas municipais, seguindo ordens, agem com violência e apreendem pertences para expulsar as pessoas dos locais públicos. “Já moro na rua, vou para onde? Estou na rua por não ter para onde ir. Se não bastasse isso, ainda tenho que aguentar porrada de PM”, *relatou um jovem.
Autoridades também criticaram atuação da PM. (Foto: Jean Piter)
Representantes do Ministério Público que estavam presentes confirmaram os casos. De acordo com levantamento do órgão, muitas são as denúncias desse tipo contra policiais. Porém, as vítimas, com medo de represálias, não registram boletins de ocorrências. O mesmo ocorre com testemunhas. “Denunciar a polícia para a polícia? Não dá em nada. A PM sabe onde a gente vive, é perigoso pra nós. Somos invisíveis, discriminados. Não temos o que fazer”, afirmou um morador de rua.
Revista Traços
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado estadual Cristiano Silveira, esteve presente. Ele defendeu ações que possam dar oportunidade de emprego e renda para a população de rua. Segundo o parlamentar, o Estado precisa estudar formas de incentivo à iniciativa privada para que essas possam tenha oportunidades de trabalhar e estudar.
Deputado quer trazer projeto da Revista Traços para BH. (Foto: Jean Piter)
“Com uma renda, por menor que seja, a pessoa já passa a ter novas perspectivas de vida. A revista Traços, que circula em Brasília, é um exemplo desses. Os exemplares são vendidos pelos moradores de rua, por cinco reais cada. Desse valor, quatro reais ficam para o vendedor e um real vai para a produção de novas edições. Estamos trabalhando para trazer esse projeto para Belo Horizonte”, explicou o parlamentar.
Conheça mais sobre a revista traços: http://goo.gl/TBDptb
*Os nomes dos moradores de rua não foram citados a pedido deles.
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