Servidores em greve denunciam abusos da PBH e da PM

A Comissão de Direitos Humanos da ALMG fará uma visita ao prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda. O objetivo é discutir a situação dos servidores municipais que estão com as atividades paralisadas há oito dias. Os parlamentares vão mediar as negociações e pedir que seja garantido o direito greve da categoria. Durante audiência pública, realizada na terça-feira (2), os funcionários públicos da área da saúde relataram que estão sendo impedidos de cumprir a escala mínima de trabalho, prevista por lei, para garantir o atendimento à população.
Os deputados também enviarão ofício ao Comando-Geral da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), solicitando que a corporação respeite o direito de greve dos trabalhadores. Durante o debate, os servidores disseram que, nas últimas manifestações, o Batalhão de Choque ameaçou usar a força e bombas de efeito moral para dispersar os protestos pacíficos feitos em vias públicas.
“Os policiais ameaçaram apreender nosso carro de som e tirar os trabalhadores à força das ruas. O engraçado é que, quando um time de futebol vence um campeonato, as ruas podem ser fechadas para as comemorações. A PM até faz a segurança dos torcedores. Agora, para os servidores que querem melhorias, o tratamento é hostil”, disso o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindbel), Israel Arimar de Moura.
Reajuste zero
O presidente do Sindbel destacou que a prefeitura está descartando a possibilidade de conceder reajuste salarial aos servidores. “Eles alegam que, devido à crise, não há como aumentar os salários. Mas sabemos que a arrecadação da prefeitura aumentou. Somos 200 mil trabalhadores e, se não tivermos o reajuste, perderemos 20% do nosso poder de compra até o ano que vem. Isso só vai agravar a crise em nossa cidade”.
“Além de não querer sequer negociar um reajuste salarial para a categoria, a prefeitura ainda que acabar com benefícios que foram conquistados. Querem retirar os quinquênios, por fim às férias prêmio entre outros pontos. Estão dizendo que só poderão inciar as negociações depois de setembro. Se for assim, a greve vai continuar”, afirmou o vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), Carlos Magno de Freitas.
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALMG, deputado Cristiano Silveira, a greve da categoria é legítima. “Os trabalhadores estão lutando por seus direitos. Eles têm a consciência de que é preciso manter o atendimento mínimo à população e estão cumprindo com isso. Eles estão dispostos a negociar. A prefeitura não pode simplesmente ignorar isso. Vamos dar todo apoio aos servidores aqui na Assembleia”.
O vereador de Belo Horizonte, Juninho Paim, criticou a ausência de um representante da prefeitura na audiência. “Isso mostra o descaso do prefeito com os trabalhadores. Foram convidados e não enviaram sequer um representante para discutir a situação. Não vamos permitir que isso fique assim. Se preciso for, vamos fechar ruas, vamos encher as praças de pessoas e vamos protestar até que a prefeitura se prontifique a dialogar com a categoria”.
Veja as fotos da audiência
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Visitas
Os parlamentares anunciaram que visitarão Unidades de Pronto Atendimento (UPA), centros de saúde e hospitais da capital para verificar as condições de trabalho dos servidores. Além disso, a pedido do sindicato, será enviado ofício ao Ministério Público do Trabalho (MPT), solicitando que o órgão apure se há irregularidades nos repasses federais para a contratação de agentes de endemias e de saúde para o município.