“O governo Zema começou mal, e não é torcida contra”, diz Cristiano Silveira em entrevista à Rádio Super
Matéria publicada na edição de domingo (28/04), no Jornal O Tempo
Em entrevista ao “Café com Política”, da rádio Super 91,7 FM, o deputado estadual e segundo vice-presidente da Assembleia de Minas critica os primeiros meses da gestão Zema e diz que o governador terá que “enfrentar as suas contradições”. Ainda segundo o parlamentar, o governador tem “atacado” o serviço público, que é importante para a população.
Rádio Super: O senhor acha que o governador Romeu Zema tem descumprido as principais promessas que fez durante a campanha? Temos visto, por exemplo, a questão do uso das aeronaves do Estado, algo que era tão criticado por ele antes de ser eleito.
Cristiano Silveira: Sem dúvida. Na minha opinião, o governo Zema começou muito mal, e isso não é torcida contra. As pessoas falam que somos oposição e ficamos torcendo para dar errado. Tem que parar com essa conversa de que torcida resolve alguma coisa. Se torcer contra ou a favor resolvesse, o Brasil não tinha tomado 7 a 1 da Alemanha na Copa do Mundo. Então, não é torcida, é gestão. O cara tem que fazer gestão, e a gente aponta o que está errado. Se na campanha ele dizia que não iria usar aeronave, ele não falou que ia acabar com aquilo que é fundamental para o povo, para o pobre, e mantém o que as pessoas rejeitaram, que era o quê? Excesso de cargos comissionados, altos salários, os palácios, como ele mesmo dizia. Estamos falando de 5.000 alunos bolsistas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) que perdem uma bolsa de R$400 Acaba com a escola em tempo integral, que atende 111 mil alunos, tem 9.000 professores envolvidos nesse projeto. Aí agora começa a demitir o povo das UAIs. Quer dizer, ataca aquilo que é importante do serviço público, os mais pobres, na lógica da estrutura do governo, e mantém a nomeação de secretários em conselhos, a turma está recebendo salário e falou que não ia receber salário, usa aeronaves, dorme em palácios. A contradição está exposta. Até quando ele (Zema) dizia que o povo não queria mais o Pimentel e o Anastasia, quando ele ganha, imediatamente traz para o núcleo de governo dele o próprio PSDB. Então, o Luiz Humberto (PSDB), que é meu amigo, é o líder do governo na Assembleia. O Custódio Mattos, secretário de Governo, pertence a um quadro histórico do PSDB, foi prefeito de Juiz de Fora. Quer dizer, o Zema vai ter que enfrentar as suas contradições. Parte delas é por escolha, outra parte é por desconhecimento do que é a máquina pública, que ele não sabia. Não conhecia.
“Parte das contradições de Zema é por escolha, e outra parte por desconhecer o que é a máquina pública”
Rádio Super: Ainda sobre essa questão dos salários, Zema disse que ele e os secretários só não receberiam se os vencimentos dos servidores estivessem atrasados, o que não estaria acontecendo. Ainda assim o senhor enxerga uma contradição do governador?
Cristiano Silveira: Está todo mundo recebendo no quinto dia útil? Se estiverem, tudo bem, não vejo problema em eles receberem o salário. Aí eu não vejo contradição. Enquanto houver parcelamento, inclusive do 13º, entendo que há contradição. O 13º não está em dia e ainda temos parcelamentos. Então, é contradição. Essas coisas, no futuro, poderão ser caras para o governado. Pode até não ser o mais relevante na lógica dos problemas que o Estado enfrenta, mas, no simbolismo, no imaginário das pessoas, isso lá na frente vai ser cobrado.
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