Garçom foi morto por desentendimento no pagamento de programa sexual
Adolescente de 17 anos confessou o crime à Polícia Civil; menor teria exigido que vítima pagasse R$100 adiantado pelo programa
O adolescente, de 17 anos, que confessou o assassinato do garçom Adílio Antônio da Silva, de 35 anos, em São João del-Rei, no Campo das Vertentes, declarou que a execução se deu em função de um desentendimento sobre o pagamento de um programa sexual que o jovem oferecia à vítima.
O menor se apresentou, junto ao seu advogado, à Delegacia de Polícia Civil do município, onde foi ouvido pelo delegado Rodrigo Crivellari, responsável pelo caso. O suspeito não permaneceu detido porque já havia passado o período do flagrante, segundo informou a Polícia Civil.
De acordo com o delegado, o adolescente disse em depoimento que no dia do crime, Adílio teria oferecido R$ 100 para praticar sexo oral na vítima. No momento do ato, o menor solicitou pagamento antecipado. Com a negativa da vítima, os dois se desentenderam e o jovem desferiu um soco em Adílio, que teria batido a cabeça contra uma parede e caiu no local. O adolescente afirmou que fugiu, percebendo o sangramento no rosto da vítima, que, consciente, ainda ameaçou chamar a polícia.
Ainda, segundo a Polícia Civil, no local do crime, não foi encontrado nenhuma pedra, pau ou outro objeto contundente, que apontasse a agressão. O laudo de necropsia, apontou um “traumatismo crânio encefálico com hemorragia subaracnóidea” como causa da morte, o que atestou a hipótese de que nenhuma arma teria sido utilizada no crime.
O corpo de Silva foi localizado, por volta das 4h da manhã da última sexta-feira (11), por uma moradora de um imóvel vizinho de onde ele foi encontrado morto, na rua Antônio José Gomes Carneiro, no bairro Guarda-Mor.
Conforme informou a Polícia Militar (PM), a moradora afirmou não ter visto nada, já que não estava em casa na hora em que o crime teria acontecido. Os outros vizinhos também não souberam dar detalhes aos policiais.
Junto ao corpo de Silva a polícia encontrou sua carteira de dinheiro, uma mochila contendo objetos pessoais e um uniforme amarelo do bar e restaurante onde ele trabalhava.
Em contato com a PM, funcionários do estabelecimento disseram que o garçom saiu do local por volta das 1h30 em direção à casa dele. Um dos funcionários também contou aos policiais que a vítima vinha recebendo ameaças dos mesmo suspeitos de terem matado seu namorado, há algum tempo.
Ao repórter Jhonny Cazetta, um amigo do garçom, que preferiu não ser identificado, disse acreditar que o homem foi vítima de crime de homofobia.
Intervenção do Estado
Nesta quarta, o Diretor de Direitos Humanos de São João del-Rei, Carlos Bem, pediu a intervenção do secretário de Estado dos Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, Nilmário Miranda, para que o caso seja investigado como um crime homofóbico. O ofício encaminhado à secretaria pedia que a investigação da morte fosse acompanhada pelo Núcleo de Atendimento à Vítimas de Crimes Raciais e de Intolerância (NAVCRADI), que fica em Belo Horizonte.
“Recebemos o ofício, que foi encaminhado ao secretário Nilmário Miranda e ao deputado estadual Cristiano Silveira. Imediatamente entramos em contato com o NAVCRADI e a delegada Cristina Cicarelli já entrou em contato com o delegado responsável pela investigação e deverá repassar novos detalhes amanhã (hoje) pela manhã”, afirmou Douglas Miranda, coordenador de políticas de diversidade sexual da Secretaria de Direitos Humanos.
Conforme ele, a secretaria acompanhará o desfecho do caso e, caso seja confirmada a suspeita de motivação por homofobia, serão tomadas as medidas cabíveis na Justiça para a devida responsabilização dos suspeitos. “Hoje a LGBTfobia não é tipificada como crime no Código Penal e a PL 122, que tratava sobre isso, está arquivada na Câmara. A sociedade está muito intolerante, e papel da secretaria é trabalhar sobre a educação da sociedade perante este assunto”, finalizou.
Reproduzido do site do jornal O Tempo.
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