Caso da índia agredida por policial militar motiva audiência pública em Montes Claros

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As índias Silla e Juvana relataram o ocorrido na Comissão de Direitos Humanos. (Foto: Jean Piter)

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizará audiência pública em Montes Claros, no Norte de Minas, para apurar denúncia de agressão de policiais militares contra uma índia. O caso ocorreu no município durante protesto do Grito dos Excluídos, no dia 7 de setembro. A vítima, a estudante Juvana Xacriabá,  foi detida violentamente, de forma covarde, e levada para delegacia, como mostra o vídeo abaixo que foi publicado na internet. Ela compareceu à reunião da comissão, na quarta-feira (9), para relatar o ocorrido.

 

Veja o vídeo:

 

Juvana disse que, durante o protesto, o prefeito Ruy Muniz (PRB) zombou dos manifestantes de forma agressiva. Por conta disso, as pessoas próximas chegaram a balançar as grades de proteção, o que provocou a ação da Polícia. “Eu já estava jogada no chão como um bicho, algemada, com dois policiais segurando as minhas pernas e o PM que me abordou ainda colocou a perna em cima da minha cabeça. Fiquei um tempo sem conseguir respirar, sentindo a força do policial pressionando minha cabeça. Depois que ele tirou a perna, eu estava passando mal, quase desmaiei”.

 

Por ser integrante de uma comunidade tradicional, ainda que tivesse cometido um crime, Juvana deveria ter sido conduzida para uma unidade da Polícia Federal, conforme prevê a lei. Os policiais militares foram informados da condição da índia, entretanto, eles ignoraram o fato e a levaram para uma delegacia da Polícia Civil.

 

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Parlamentares pediram apuração do caso à Corregedoria da Polícia Militar. (Foto: Jean Piter)

Durante a reunião, Juvana foi questionada sobre o fato de ter apontado uma flecha na direção do prefeito. Ela explicou que os instrumentos que portava no momento são artesanais, que servem apenas de enfeites, e que não são armas. Silla Xacriabá testemunhou o ocorrido e disse que também foi agredida. “O que fizeram com ela foi uma covardia, e quando tentei ajudar, também fui agredida por um PM, que me puxou pelo cabelo, me jogando na direção dos outros manifestantes”.

 

“As imagens são fortes e dizem tudo. A moça já estava algemada, não havia necessidade de tanta violência. É preciso que haja uma apuração rigorosa para o caso e, comprovadas as irregularidades, os envolvidos têm que ser punidos. Os movimentos populares não podem ser criminalizados por exercerem o direito constitucional de protestar. A Polícia Militar tem que dar segurança à população. Esses excessos são inaceitáveis”, disse o presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Cristiano Silveira.

 

A audiência em Montes Claros deverá ser realizada no próximo dia 28 de setembro. O requerimento para a reunião é de autoria dos deputados Rogério Correia e Sargento Rodrigues.

 

 

Com informações da Assessoria de Imprensa da ALMG