Governo de Minas garante entrada de movimentos estudantis nas escolas

As entidades estudantis terão garantia de acesso às escolas estaduais de Minas Gerais. A afirmação é do diretor de Ensino Médio da Secretaria de Estado de Educação, Vladimir Coelho. Em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na quinta-feira (25), ele disse que enviou um comunicado a todas as superintendências regionais de ensino, que autoriza a atuação do movimentos da classe estudantil na rede pública do estado.
A reunião foi motivada por denúncias de estudantes e representantes de movimentos estudantis que alegaram ser impedidos de entrar nas escolas. Patrick Souza, diretor executivo da União Estadual dos Estudantes (UEE), relatou casos de perseguição sofridos por alunos que participam de grêmios. “Fui expulso do Estadual Central por integrar o grêmio. Outros colegas também eram perseguidos pela direção que não reconhecia a importância do trabalho dos movimentos estudantis. Agora, o governo atual está se abrindo para o diálogo com os estudantes, o que é muito positivo”.
Nina D’Angelo, da União Colegial de Minas Gerais (UCMG), destacou que a situação é pior na rede privada. “Na minha escola, a entrada no grêmio é feita por entrevista. Não há eleição nem é permitido a criação de chapas. Ingressei no grêmio e fui expulsa por ser de esquerda”. Kécia Cristina Teixeira, também da UCMG, disse que as escolas ainda estão sob uma cultura ditatorial, onde o aluno só tem deveres. Para ela, esse modelo precisa ser revisto.
Veja as imagens da audiência
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(Fotos: Vinícius Mendes)
Paulo Sérgio de Oliveira, da União Estadual dos Estudantes (UEE), também elogiou a nova postura do Estado. “Com a eleição do governador Fernando Pimentel, as relações entre as escolas e os estudantes estão mudando. O diálogo está sendo construído. Mas ainda falta muito para que as entidades estudantis tenha liberdade de atuação. Muitos diretores não enxergam a legitimidade do nosso trabalho. Precisamos de uma gestão mais democrática nas escolas. Para isso, os alunos precisam ser representados”.
Juliana Souza, presidente do grêmio estudantil do Cefet-BH, ressaltou a importância das organizações de estudantes. “Temos visto pautas conservadoras no Congresso Nacional, como a redução da maioridade penal, terceirização e outros temas que vão afetar a juventude. O movimento estudantil precisa participar dessas discussões. Para isso, é preciso que alunos se organizem por meio dos grêmios”. Ela ainda informou que, diferente do que ocorre nas escolas estaduais, nas instituições federais os estudantes têm liberdade para organizar e participar dos grêmios.
O deputado Cristiano Silveira lembrou o início de sua militância política. “Comecei minha trajetória nos movimentos estudantis. Fui eleito vereador em São João del-Rei e conseguimos aprovar a lei municipal do passe livre para estudantes, uma das poucas do Brasil. O movimento é um grande escola de formação crítica para os alunos. Por isso temos que defender o direito dos estudantes formarem seus grêmios, para que eles possam se organizar e defender suas pautas”.
Encaminhamentos
Durante a audiência, Paulo Sérgio de Oliveira solicitou apoio da Comissão de Direitos Humanos no levantamento da memória do movimento estudantil em Minas, no período da ditadura. Ele defendeu a realização de um estudo para analisar a possibilidade de recuperar patrimônios das associações estudantis que foram tomados pelo governo da época. Cristiano Silveira se comprometeu a colaborar com a iniciativa.