Blocos e escolas do Carnaval de BH reivindicam mais apoio
Fonte: ALMG
Na tarde dessa terça-feira (25/11) a Comissão Extraordinária de Turismo e Gastronomia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou Audiência Pública para discutir os impactos do Carnaval de Belo Horizonte. A audiência foi solicitada pelos deputados Cristiano Silveira (PT) e Mauro Tramonte (PRB) e recebeu representantes dos blocos, escolas e agremiações carnavalescas. A principal reclamação dos operadores do carnaval da Capital mineira foi a falta de apoio do poder público, especialmente da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Dirigentes e membros de blocos e escolas de samba, além de músicos e outros artistas reclamaram da baixa remuneração recebida.
Para o 2º vice-presidente da ALMG, Cristiano Silveira, “o Carnaval de BH se tornou um importante fenômeno cultural e turístico do nosso estado e deve ser tratado como tal”. Para ele, “infelizmente o poder público ainda não dá o devido valor para o evento. Deveria apoiar mais as organizações que são as verdadeiras protagonistas, como blocos de rua e escolas de samba”.
A PBH e a Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur) não enviaram representantes à reunião. Além de lamentar a ausência da Belotur, o presidente da Liga Belorizontina de Blocos de Rua, George Cardoso, considerou que o modelo do carnaval de BH não está funcionando. “O realizador do carnaval é o carnavalesco, que deve ser mais bem remunerado”, opinou.
Falta de apoio
Ele reforçou que muitos blocos, ao final do Carnaval, saem com dívidas de até R$ 50 mil, mais de quatro vezes o valor da subvenção que recebem da PBH, de R$ 12 mil. “Não é justo. O carnaval tem grande aprovação e leva o nome de BH a todo o País. Por tudo isso, o trabalhador da cultura tem que ser remunerado decentemente”, exigiu. Ele avaliou que também o Governo Estadual deve participar mais ativamente. “Não conheço nenhum carnaval grande sem a aliança do município com o Estado para organizar o evento”, apontou, acrescentando que a Belotur tem fugido do debate com os blocos.
Segundo a PBH, no período oficial do carnaval deste ano, a Capital recebeu 4,3 milhões de foliões – obtendo uma alta de mais de 1 milhão de pessoas com relação a 2018. Nesse período, entre 16 de fevereiro e 10 de março, Belo Horizonte teve uma taxa média de ocupação de hoteis de 66,82%, um crescimento de 9,2% em relação a 2018.
Kerison Lopes, presidente da Liga dos Blocos de Rua de Santa Tereza, reclamou de problemas que as agremiações vêm tendo no Carnaval: proibição pelo Ministério Público de apresentação de blocos após as 18 horas; falta de um espaço adequado para ensaios e de apoio do governo. “O Carnaval é um fenômeno cultural, não só turístico. Em apenas um dos blocos, temos mais de 200 pessoas aprendendo a tocar instrumentos e não recebemos nenhum apoio”, cobrou. Segundo Kerison, a PBH recebeu neste ano R$ 27 milhões de patrocinadores oficiais do Carnaval. E o recurso, afirma, vai em sua maior parte para a estrutura da festa e apenas uma pequena parcela é destinada aos blocos. “Em Brasília, os maiores blocos recebem R$ 200 mil, enquanto em BH recebemos 12 mil”, criticou.
Nayara Garófalo é presidente do Angola Janga, bloco afro com maior público no Carnaval de BH, cerca de 100 mil pessoas. Ela informou que, em 2018, além da cota de R$ 12 mil, o bloco recebeu pequeno valor de patrocínio para pagar o trio elétrico. “É preciso refletir sobre a situação dos outros blocos afro, que além dos desfiles, fazem trabalho social e são abandonados pelo Estado”, reivindicou.
Ela ainda mostrou incentivos oferecidos por outras cidades ao carnaval em comparação com os de Belo Horizonte: em Salvador (BA), a Secretaria de Cultura ofereceu mais de R$ 1 milhão para os blocos afro, com categorias que iam de R$ 30 mil até R$ 300 mil. “Geramos R$ 6,78 bilhões de renda para o Brasil no carnaval e Minas Gerais aparece na terceira posição, à frente de Salvador. Por que Belo Horizonte e o Estado endividam seus fomentadores de cultura? Os blocos querem, pelo menos, não ter que entrar no cheque especial”, desabafou.
Deputados pedem providências ao Estado e à PBH
Como resultado da audiência foram aprovados cinco requerimentos pedindo providências do Ministério do Turismo, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, à Belotur e à Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados. Os requerimentos foram assinados pelos deputados Deputado Professor Irineu (PSL), Deputado Mauro Tramonte (PRB), Deputado Cristiano Silveira (PT), Deputado Gustavo Mitre (PSC).
Cristiano Silveira reforçou a importância do Carnaval de BH por meio de dados: 204 mil turistas na festa, com tempo médio de permanência de 4 dias. “Temos que resolver os problemas do carnaval para torná-lo melhor, o que vai acontecer com maior apoio do poder público aos blocos e escolas”, disse.
Já o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) refletiu que o Carnaval deve ser colocado como prioritário no momento atual, em que a cultura está ressignificando a existência humana. “O Carnaval é um grande gerador de renda e o poder público tem obrigação de apoiar essa atividade”, concluiu.
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