Comissão de Direitos Humanos da ALMG vai acompanhar julgamento da Chacina de Unaí

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) vai acompanhar o julgamento dos mandantes do crime que ficou conhecido como a Chacina de Unaí. São eles o fazendeiro Norberto Mânica e os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro. Eles são acusados de encomendar a morte de quatro servidores do Ministério do Trabalho, no município do Noroeste do estado, no dia 28 de janeiro de 2004. A audiência da Justiça Federal está marcada para começar nesta quinta-feira (21), em Belo Horizonte.
Durante reunião da Comissão de Direitos Humanos desta quarta-feira (20), os parlamentares receberam parentes, amigos e colegas de trabalho das vítimas. Emocionada, Maninez Lima, viúva do auditor fiscal Erastóstenes de Almeida, criticou a demora da Justiça, já que o processo se arrasta há quase 12 anos. “Não podemos nos calar diante da impunidade e injustiça. Em nome das viúvas, coloco nossa dor, indignação e decepção com a Justiça”. Segundo ela, o julgamento não é a solução, mas traz a sensação de que a Justiça foi feita, para que possa viver seu luto calada.

Além de Erastóstenes, foram mortos na chacina os servidores Nélson José da Silva, João Batista Soares e Aílton Pereira de Oliveira. “Se houvesse justiça em nosso país, a pena dos irmão Mânica seria cinco ou dez vezes maior que a dos pistoleiros. Esse é um momento para exigirmos um país mais justo, mais democrático, com uma justiça real para todos e não apenas para os mais pobres que lotam as cadeias”, disse Gildásio Westin Consenza, integrante da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
O presidente do Instituto Mineiro de Relações do Trabalho, Carlos Calazans, lembrou que os executores já foram julgados e condenados. São eles Rogério Alan Rocha Rios, que teve pena de 94 anos de reclusão; William Gomes de Miranda, 56 anos; e Erinaldo de Vasconcelos Silva, que, com o benefício da delação premiada, teve pena reduzida e pegou 76 anos e 20 dias. “Agora é preciso que os mandantes sejam presos para a justiça seja feita, mesmo depois de 12 anos”, disse Calazans.

A presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, Rosa Maria Campos Jorge, disse que o sindicato lutou para que o julgamento dos mandantes do crime fosse feito em Belo Horizonte e não em Unaí, conforme foi tentado. “Acreditamos que aqui poderia ter um julgamento imparcial”. Ela também destacou que os acusados tiveram o amplo direito de defesa. “O que nos inspira é a necessidade de Justiça. Não suportamos mais tanta demora, com tentativas de adiar indefinidamente, fazer com que o crime caísse no esquecimento, prescrevesse”.
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALMG, deputado Cristiano Silveira, o país precisa de uma reforma urgente do Judiciário. “Enquanto não tivermos justiça para todos não teremos democracia. A nossa Constituição diz que todos são iguais perante a lei, mas a lei não é igual para todos. A demora da justiça alimenta a impunidade. Não é possível falarmos em justiça enquanto os magistrados dão tratamento diferenciado a determinados processos. Precisamos nos unir e lutar por um novo Judiciário que realmente possa promover justiça no Brasil”.
Com informações da Assessoria de Comunicação da ALMG